domingo, 5 de setembro de 2010

Time to let go, what's gotta go

Nota de autor: Pois é, uma pessoa anda anos e anos a fugir a inevitabilidades, tentamos esconder-nos debaixo das camas e entre as ruelas..
Mas eventualmente somos apanhados.. Não podemos fugir a algo que está dentro de nós, ao nosso coração, esse bom velho sábio que cada vez menos ouvimos, é tudo olhos, cabeça, mãos e ouvidos, então mas e o coração ?

Passados 3 anos... 3 anos desde que aquele mundo louco de fantasia e cores me tinha tocado o ego, esse meu bom velho ego, que acabou por nao ser tão bom como isso, são as 3 fases, a experiencia, a partilha, e a partida...
Cores, sorrisos, abraços, praia, noite, sol e frio, foi tudo tão bom enquanto durou, mas eventualmente a verdadeira natureza de cada um acaba por vir ao de cima e a cidade do pecado passa a ser a cidade do egoísmo...
Ficamos viciados, obsecados, procuramos saber, ter, conhecer, participar para nos darem de novo o "free-pass" para todas as diversões... Mas torna-se impossivel, já nada é como antes...

A fase da partida, é a mais dolorosa... pode durar anos e anos, procuramos de todas as maneiras tentar voltar ao controlo, tentar reacender a chama, mas nao dá, nao tem mais lenha por onde arder...
Ultimamente, chegamos à fase mais certificante, mais honesta e menos dolorosa, a exaustão, finalmente pomos tudo para trás das costas e seguimos em frente, reacender a nossa chama interior, é um arder tão magnifico, levantar as asas poeirentas e levantar voo, pois é, agora temos a certeza, uma fase nova recomeça, sem olhar para trás, sem sentimentos de culpa, raiva e má lingua.. simplesmente, voamos.

Coisa engraçada em relação aos carneiros, conseguem chegar ao fundo do poço, escavar ainda mais um bocadinho, mas nunca perdem a capacidade de se erguer...

Fire Fire Fire

quarta-feira, 21 de julho de 2010

O hermita e a montanha

Um velho sábio hermita que tinha passado décadas numa montanha, sentado numa rocha a perguntar-se o porquê de tanto ódio, tanto sofrimento, tanta excitação, e principalmente, porque é que há tanta gente inquieta.
Numa das suas descidas à quieta aldeia, encontrou um miúdo sozinho, a chorar num baloiço, e perguntou ao pobre rapaz:
- Que se passa filho ?
- Não tenho pais, nem amigos, ninguem gosta de mim, e sou um fracasso como pessoa.
- Eheh - riu-se o hermita - vem comigo, e nao faças perguntas.
- O quê ? Ainda te ris de mim seu velho estúpido, nao vou, recuso-me !
- Está bem então, eu vou ali à loja e depois vou-me embora.
Surpresa então quando o hermita viu o rapaz aos gritos a dizer-lhe para esperar, fez um sorriso de sastifação e continuou o seu caminho.
Começaram entao a sua subida à montanha onde o hermita tinha passado mais de metade da sua vida, a meio o seu aprendiz pergunta:
- Onde vamos ? o que estamos a fazer ? estou cansado !
- Julguei que te tinha dito para nao fazeres perguntas, tu vens comigo, o resto, só os deuses sabem.
Fez um olhar de espanto, soltou um sorriso malandro e continuou.
Quando chegaram à tal rocha, o hermita disse-lhe
-O teu treino começa aqui !
- Treino ? Qual treino ?
- O treino do teu espirito, precisas de soltar esse sofrimento, liberta-lo...
- Humm, então que treino é esse ?
- Vais-te sentar naquela rocha, e nao te vais poder mexer.´
- Mas que raio ? eu toda a minha vida andei aos murros em troncos, e a nadar contra o rio, isso nao é treino nenhum !
- O mais dificil para um animal, é nao se mexer, vais-te tornar parte da natureza, e deixar, que ela te envolva em paz.


Pois é, para nós humanos, o mais dificil, é pararmos por dois segundos, e deixarmo-nos envolver pela nossa natureza, estamos demasiado ocupados a pensar e a racionalizar, que perdemos, a vida em si, que nos escapa pelos dedos.

domingo, 6 de junho de 2010

Insonia

Nota de autor: Hoje, dia 6 de junho, foi um dia em que todos os fantasmas sairam do quarto, todos os esqueletos dançaram fora do armario, todas as almas viram o seu lótus...
Há dias assim, dias de chuva e sol, como descrever uma dança ? como descrever uma criação artistica ? como descrever o nascer do Sol sobre Lisboa ? São descrições impossiveis.

Acordei e estavas tu a dormir, ao lado, estava a mais selvagem guitarra que alguma vez tentei domar, tornou-se imperativo que saltasse da cama, e lhe arpejasse, sentei-me sobre a varanda, e a luz invadia as ruas, a brisa matinal deu lugar ao calor do sol, e estavas tu, deitada sobre a cama, na delicadeza da tua existencia, como se um tapir se alimentasse do teu maravilhoso sonho.
Tal vista apenas me deu ainda mais vontade domar aquela guitarra, guitarra é um nome tao feio de se pronunciar, aquela, nao era um mero objecto, tinha alma propria, tinha garra.
Envolvi-me com ela, e comecei numa luta semelhante à de dois galos numa capoeira, curiosamente a melodia nao era agitada, como a da noite passada, nao nao, esta era doce, nostálgica, quente e carinhosa, quando dei por mim, já te tinha com os braços em minha volta e a deleitares-me com a tua suave melodia ao que os Homens chamam de voz..
Que comunhão tão forte entre os três elementos tao heterogéneos, aquela nossa dança, era como se nao houvesse mais nada, senao aquela paisagem, para dizer a verdade, o resto vai ter que ficar ao encargo da vossa imaginaçao, eu perdi-me naquela paisagem, perdi-me, e nunca mais me encontrei desde aí.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Este mar...

O Mundo está a desabar, a desabar à minha volta e já nao sei o que fazer, família, amigos, colegas, ídolos, valores e ideias, a nossa liberdade e a raiz do nosso pensamento, tudo desaba à minha volta, os seus escombros sufoca-me, gritam pelo meu nome: "nao nos deixes, fica conosco", mas eu ja nao sei o que fazer, como posso eu sucumbir no meio de tanta tragédia, como eu posso combater tamanha maré com tão poucos marinheiros ? Como posso eu salvar os outros, se nem a mim sou capaz de salvar ? Como posso eu dar um pontapé nos demónios que me atormentam, me agarra, asfixiam ? Não sei se consigo, nao sei se lutar vale a pena, à minha volta só vejo dor, vazio, buracos e esburacados, sangue e lágrimas (e que é feito do suor ?), seremos nós o grupo do ego ? iremos nós ser o exercito de amanhã ? à minha volta, só vejo velas a derreterem, cada um cai, a seguir ao outro, um a um, se deixam cair nos prazeres da morte, e, sem saberem, desistem deles mesmos, desistem de tudo aquilo que engrandece a vida e fortalece o espirito, porquê ? onde estás ? que Deus ? Que super herói vai salvar estas pobres e tristes almas ? Porquê tanta dor ? Porque me fazes a sofrer ? Não sei se consigo, combater, este Mar...

quarta-feira, 17 de março de 2010

Inverno Russo

Já perdi toda a vontade, esperança e energia, ja lutei o que podia, e o que nao podia, ja me esforcei, desgastei e suportei muita coisa, já nao posso fazer nada, ja nao quero fazer nada, talvez um dia quem sabe, percebas o que perdes, o que nao ganhas, o que podias ter feito para que a tua felicidade esteja, entre nós.
Eu podia fazer tanta acusação, tanto alvoroço, mas para quê ? para discutir ? para vires com grandes discursos ? Não, nao faz sentido, e eu nao me vou meter nisso, como dizia o grande pensador: "às vezes, explicações e conversas de nada valem, é preciso experienciar, para aprender".
Neste momento, nem vai, nem racha, estou cansado e vou dormir, boa noite

sexta-feira, 5 de março de 2010

quinta-feira, 4 de março de 2010